“Assim é, se lhe parece”

Ainda sobre Trabalho e Terceiro Milênio, a reflexão de hoje é sobre o que se espera da Geração Z.

Daisy

“Assim é, se lhe parece”.

Se Pirandello vivesse hoje repetiria esta frase com toda propriedade.

Aliás, esta é uma daquelas tiradas de gênio, uma frase que podemos com toda justiça chamar de “frase lapidar”. Frase lapidar, isso mesmo, aquela que de tão perfeita deveria constar da lápide de quem a produziu.

“Assim é, se lhe parece” é perfeita, é atemporal, eterna, mostra a efemeridade das coisas, especialmente no que se refere à percepção humana.

Quanta vez nos acontece ter uma primeira impressão de fatos ou de pessoas que, tempos depois, vamos notar que era absolutamente fantasiosa, ou imprecisa.

É assim a Vida. Se todos nós tivéssemos um Raios-X de alma nos olhos talvez não deixássemos que a rotina fizesse o seu papel destruidor de primeiras impressões erráticas. Ou, pensando bem, em muitos casos a rotina não tem responsabilidade nisso, nós é que acabamos vendo o que queremos ver, ou o que precisamos ver, como Pirandello insinuou.

Ah, rotina… Problema difícil de se ser resolvido, na vida e principalmente no trabalho. Por essa razão fiquei bem entusiasmada quando participava da conversa de um grupo de jovens trabalhadores, e ouvi a Geração Milênio se manifestar, e mostrar sua disposição em mudar e não ser apenas mais um. Mas lembrei-me que já tinha visto esse filme no início da minha vida profissional, e também relembrei que o tempo foi veneno mortal no quesito entusiasmo. Aquele grupo tão eloquente do início foi se transformando aos poucos num fastidioso conjunto de pessoas que diziam ir ao local de trabalho praticamente assinar ponto.

Eram outros tempos um novo emprego era mais possível, não tínhamos esse percentual horrendo de desemprego no universo de pessoas com potencial de empregabilidade, e mesmo assim eram raras as pessoas que trocavam de emprego. Mesmo que não estivessem satisfeitas com um trabalho repetitivo que não lhes fosse prazeroso, a maior parte delas permanecia, reclamando sempre, mas… Cadê a ousadia de tentar outra empresa, outra atividade?

A minha geração, chamada de “Baby Boomers”, talvez tenha sido a que mais se tenha surpreendido com os novos desafios que a Ciência e a Tecnologia apresentaram – a pílula anticoncepcional, a corrida espacial, a Internet. Isso se não citarmos a verdadeira revolução nas Artes, com a Pop Art, anos 60, na figura extrema de Andy Warhol. Foi muita coisa junta, impacto, choque.

A Geração Milênio, ou seja, os que nasceram entre 1980 e 1995 já encontrou tudo isso à disposição, seu primeiro dispositivo foi o I Pod, as pessoas começaram sua vida profissional usufruindo da informação e da tecnologia da Internet. São mais destemidos do que os Boomers, e mesmo com as atuais dificuldades, os que pretendem de fato fazer diferença dispõem de mais conteúdo, estão sabendo cavar lá no fundo das dificuldades e encontrando sua chance.

Agora, os da Geração Z, como são chamados os que nasceram entre 1996 e 2010, quando chegarem ao mercado de trabalho… Ah, meus amigos, esses aí já chegaram com um celular na mão e sua mídia social é o snapchat.

Não são ousados, são abusados. O Mercado de Trabalho que os aguarde, e a Geração Milênio que os enfrente.

Aos que os criticam dizendo “Não querem fazer nada, só querem saber do celular”, eu respondo “Assim é, se lhes parece”.

E quem viver verá.

 

2 Comments

  • Sonia da Gloria Ramos disse:

    Resumo de Baby Boomer: “Eles esperam o sucesso. Essas são as pessoas que nos dias de hoje dirigem grandes corporações. São líderes e gestores. Boa parte se ocupam com a educação e o desenvolvimento de pessoas nas organizações. São os mentores, os coachings… Eles inventaram o “workaholic” ou pelo menos muitos deles sofrem de seus efeitos. Os Babies Boomers criaram uma forte mudança social, incluindo o movimento hippie, o feminismo e os direitos civis. Eles são otimistas e automotivados.”

  • Daisy disse:

    Obrigada pelo seu comentário, Sonia.
    Isso aí, o “Baby Boom” – traduzido fica “explosão de bebês”, foi o fenômeno registrado pelo grande número de nascimentos no pós-guerra, acho que podemos até entender a razão, não é? rs
    Poderiam ter chamado de Geração Paz e Amor, não acha?
    Daisy

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