De volta para o passado

daisy28janDepois de vir escrevendo sobre tanta coisa ruim, política, politicagem, corrupção, corruptos e corrompidos, esta semana me veio uma grande vontade de escrever sobre as coisas boas que nos acontecem na vida. Sim, graças a Deus as minhas angústias, e as minhas alegrias, não acontecem apenas no papel de “cidadã”.

E, como pessoa, tanta coisa boa tem rolado que o desejo de compartilhar me faz dar um giro de 360 graus e buscar o bom, e o bem.

Nas lembranças do passado reencontro o meu presente, e aí, a imagem que mais representa o meu momento atual é a da minha antiga bike — ainda não era a elétrica, mas a que dava trabalho às pernas, exigia fôlego, deixava a musculatura da coxa trabalhada, e era muito mais charmosa do que a que veio depois. Embora a bike elétrica também me permita o exercício, não me dá a incrível sensação de liberdade e controle que tinha com a antiga. Também não incorpora o desafio, porque se sabe que, cansando um pouquinho, não se precisa fazer aquele esforço para a superação, basta ligar o motor e a bichinha segue estrada afora.

Para mim, andar de bike é mais ou menos como andar a cavalo, aquela sensação de estar correndo como e contra o vento, sentir os cabelos sendo desmanchados pela mão da Natureza que, poderosa, me solta os grampos e desfaz o penteado sem dó nem piedade. E traz aquela divina sensação de liberdade.

Isso, liberdade, o valor mais precioso do meu momento, hoje. A boa sensação de ser dona da minha vida e do meu nariz, a incrível certeza do que já construí na vida, do que ainda posso e até do que já não deverei (ou poderei) fazer.

Dentre as limitações que a vida traz, andar a cavalo, hoje, só se for manso e domado; foi-se a hipótese de voar de asa-delta, e para algumas outras atividades radicais a consciência ou o medo já mostram o perigo evidente, e a gente acaba parando pra pensar. Passada a juventude, a visão do perigo fica mais clara, e se aprende que calcular o risco é importante, e sempre necessário. Isso, para os esportes e para tudo o mais.

Para os relacionamentos se aprende a partir sem medo, mas também sem demasiada expectativa ou fantasia, se aprende a compartilhar, e se aprende que o verdadeiro amor, construído com carinho, paciência e verdade, nunca vai acabar.

A gente aprende a compreender as idiossincrasias, ou características, ou limitações do outro, e, o melhor de tudo, se aprende a perdoar nossos próprios erros e os de quem amamos.

Ah, minha velha bike, você deve ter ficado feliz quando eu peguei a nova, toda cheia de recursos e tecnologia, e dei de presente, para ficar com você, só com você, na minha vida e na minha lembrança.

Ah, velha bike de guerra, “meu camelo”, como dizia o Nando. Hoje, como sempre, você me fez viajar.

Obrigada por isso.

 

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