Informados ou “enformados?

boloBom, na semana das Olimpíadas o trânsito por aqui virou o próprio caos. Todo mundo reclamou, mas todo mundo acabou entendendo; afinal, estaríamos no olho do furacão do mundo, bilhões de pessoas estariam literalmente de olho no Rio de Janeiro.

Críticas do tipo “Olimpíadas num pais com tanta fome”, “Olimpíadas num estado falido” foram superadas. Parte da herança olímpica já pode ser constatada no transporte público, e na própria paisagem do eixo Recreio-Barra, que foi ligado a toda a cidade.

Mas o povo… Ah, povo, acostumado ao fato de que o poder público é o único ente responsável por tudo e por todos… o povo continua reclamando.

Observo que os que mais reclamam ou são pessoas desinformadas, ou “desenformadas”. As primeiras são aquelas que nunca ousaram entrar em transporte público. A maioria delas com quem conversei têm informações através de seus empregados, ou de empregados dos seus prédios; ficam olhando os ônibus do lado de fora e veem como andam cheios, e dizem que os ônibus não oferecem conforto, que isso e que aquilo. Pergunte-lhes se algum dia algum deles pensou em facilitar a vida de seus empregados e, por exemplo, lhes pagar um transporte de melhor qualidade, um “frescão”, por exemplo, aquele ônibus que tem ar condicionado e bancos confortáveis.

As segundas, as “desenformadas”, não conseguem sair da forma de seus engajamentos políticos e mantém a velha ladainha: “Ah, é do outro partido, então não presta”. E continuam na sua velha forma apertada, que não os deixa respirar novos ares, adquirir novos pensamentos. Não tenho procuração de político nenhum para defendê-lo, e muito menos do prefeito do Rio de Janeiro, conhecido por dizer tanta besteira, mas, por favor, vamos abrir o olho e ver o que está realmente acontecendo.

Uma dessas pessoas está tão “enformada” que outro dia, de dentro de sua forma, soltou essa: “Imagina prejudicar tanto o trânsito só por causa desses jogos… A Olimpíada pelo menos trouxe turistas para o Brasil… Mas esses jogos para… paralímpidos… para… para que, mesmo?”

Por sua dúvida quanto à palavra não a censuro, já vi muitas vezes a palavra escrita de outra forma, o próprio corretor do Word está aqui me sugerindo outra grafia. Mas, quanto aos conceitos da ilustre figura, nada a fazer a não ser sair de mansinho.

Ora, nesta altura do meu campeonato, tenho eu tempo a desperdiçar com gente de tal tipo? Se pelo menos eu tivesse esperança de que minhas palavras fossem abrir um buraquinho naquela forma patética, que a impede de ver o outro lado das coisas, talvez eu tentasse responder.

Talvez eu respondesse que os paralímpicos, os jogos da Paralimpíadas, estão num nível assombroso, super profissional, não vi ali nenhum coitadinho que ficou esperando o governo sair e resolver por ele. Claro que países como a Grã-Bretanha e Estados Unidos, que oferecem excelentes condições de treino, oferecem salário, e em alguns casos até moradia, se impõem entre os que conseguem mais medalhas.

Aqui, entre os atletas paralímpicos brasileiros, será que existe algum tipo de apoio além daquelas empresas que os patrocinam?

Não sei, acredito que não. Espero até que a estrutura construída para as Olimpíadas possa ser utilizada como unidades de treinamento para os atletas — olímpicos e paralimpicos.

E aqui faço um registro. Por mais que um governo ou patrocinador dê apoio a um atleta, quem vai à luta é ele mesmo, não fica naquela postura de esperar, esperar, esperar, como pregam as ideias dos “enformados”, na sua visão paternalista.

Faço o registro e louvo a atitude desses atletas, que alocam grande parte de cada um dos seus dias para treinar até alcançar seus objetivos. Não é o patrocinador que entra na arena, é o esforço, a garra do atleta, sua dedicação ao que se propõe fazer. Se o atleta for olhado com respeito, e parte deste respeito é uma remuneração para que possa ter dedicação exclusiva ao que faz, tende a alcançar melhores resultados.

Espero que fique a lição. E que os “enformados” consigam sair de sua forma, ou ao menos abrir um buraquinho para enxergar o outro lado das histórias.

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