Meditando ou medicando?

Tenho pensado, falado e escrito muito ultimamente sobre reflexão, e algumas pessoas (ia escrever muitas, mas infelizmente não tenho tantos leitores assim), bom, algumas poucas pessoas, três, para ser muito sincera, rs, me perguntaram onde aprendi a meditar.

Para início de conversa, sempre observo essa confusão — meditação x reflexão. Coisas diferentes, completamente diferentes.

Para não deixar pergunta sem resposta, lhes digo que medito sim, e que também, porque “penso, logo existo”, cometo as minhas reflexões.

A diferença? A maioria das pessoas deve saber, mas respondo aos meus três leitores, e os que souberem façam-me o favor de ter um pouquinho de paciência, porque logo adiante vou tratar de um assunto que talvez não conheçam.

Então, quando você reflete, está comprometido emocionalmente, seu ego está agindo, seus sentidos também; e a maior prova disto é que muito comumente, quando paramos para refletir sobre uma questão ou dúvida, sobre um problema, sobre uma escolha que temos a fazer, a consciência age o tempo todo, porque está equacionando uma situação.

Mas, quando meditamos, acontece exatamente o contrário, e por isso é difícil meditar. Na meditação, temos que nos abstrair do momento, de problemas, de situações, quase de nós mesmos, como se pudéssemos adormecer nosso ego.

A maior prova disto é que, se você estiver refletindo e um carro buzinar barulhentamente, aquele som te atrapalha, mas se estiver meditando adequadamente, você se prepara para “incorporar” qualquer som, até o do carro buzinando.

Na reflexão, temos todo o controle do pensamento, ou não chegamos a nenhuma solução. Na meditação a sua mente voa, leva os pensamentos junto, e você os liberta, deixando que circulem do jeito que quiserem, como se você estivesse num tempo não-tempo, num lugar não-lugar, e num você muito mais que você. Compreendemos isto quando voltamos da meditação. Quase sempre as ideias se organizam, nossa criatividade aumenta e a percepção se amplia.

De onde a Daisy tirou esse conversê todo?, você pode estar pensando. Então te respondo: da minha própria experiência e de estudos que pesquiso, como, por exemplo, o da Dra. Sara Lazar, neurocientista do Hospital Geral de Massachusetts e da Escola de Medicina de Harvard, que fez sua tese de pós-doutorado sobre meditação e concluiu que a meditação pode, literalmente, mudar seu cérebro.

Acredito nisto. Há muitos anos tive um instrutor de yoga com quem aprendi a meditar. Anos se passaram, e na correria da vida eu dizia “Não tenho tempo para meditar” — grande engano. Acontece que meditar é abrir mão do controle, é privilegiar o sentir, não o saber. Como é difícil!

Resumo da ópera: a Dra. Sara conclui em seus estudos que “meditadores de longa data têm a massa cinzenta aumentada na região da ínsula e regiões sensoriais do córtex auditivo e o sensorial, pois quando você se entrega à sua respiração e à experiência do momento presente, fecha as portas da cognição e seus sentidos se ampliam”.

O estudo também revelou que meditadores têm mais massa cinzenta no córtex frontal, o que favorece a memória de trabalho e a tomada de decisões administrativas.

Já está provado que nosso córtex encolhe à medida que envelhecemos, torna-se mais difícil entender e se lembrar das coisas. Mas nessa região do córtex pré-frontal, a Dra. Sara descobriu que meditadores com 50 anos de idade tinham a mesma quantidade de massa cinzenta que pessoas de 25 anos.

Olha, em vez de ficar aí se lamentando, reclamando da vida, que tal tentar “esquecer” um pouco de si mesmo e se desligar por momentos de seus problemas, “trabalhar” por você mesmo? Minha modesta experiência é que suas ideias ficam mais claras depois de uma sessão de meditação.

E para as pessoas que quiserem conhecer o estudo da Dra. Sara, lá vai o link: (o link deixou de existir)

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