O Day After ou Enxugando Gelo

Intervenção militar no Rio de Janeiro… Tinha que acontecer alguma coisa, o estado de “guerra” já estava instalado, as facções lutando pelo seu pedaço neste latifúndio chamado Rio de Janeiro, órfão de gestores responsáveis. Tanta irresponsabilidade chega ao máximo quando, no evento que traz mais turistas à cidade que pretende (dizem prefeito e governador) ser um polo turístico mundial, um estava na Alemanha visitando uma fábrica para comprar equipamentos de Segurança e o outro descansava num Spa. BELEZA!

Enquanto isso, o couro comendo nas ruas e praças, roubos a turistas, arrastões nas praias, explosões de caixas eletrônicos, e mais…

O governo federal decidiu pela intervenção, medida que veio tarde, porém na “hora certa” para funcionar como aqueles tecidos double face, que de um lado apresentam cor e estamparia de um jeito e no outro lado outra cor e muitas vezes até outra estamparia.

Entendeu? Bom, como medida de precaução vou “desenhar” para garantir o entendimento.

A Reforma da Previdência, que o atual Governo queria aprovar a galope estava abrindo o maior rombo de desgaste no relacionamento entre o Palácio e o Congresso. Tudo que podia servir como moeda de troca foi usado até que a fonte secou.

Enquanto durar uma Intervenção deste tipo, não se pode fazer mudanças na Constituição, ou seja; a Reforma não vai mais causar desgaste na imagem de ninguém.

Até dezembro de 2018 espera-se que o Rio de Janeiro viva na paz. Sim, na maior paz. Ou seja, durante as eleições estaremos vivenciando este clima…

Acontece que dezembro acaba no dia 31, e com ele acaba a vigência do Decreto que tem por objetivo “por termo a grave comprometimento da ordem pública”.

Ora, queridos leitores.

Por mais ingênuos e esperançosos que possamos ser, ninguém vai acreditar que muda alguma coisa no status quo, se não muda o estado de coisas que permeia toda essa situação de desgoverno e de miséria que assola nosso estado.

Políticas públicas responsáveis e consequentes, condições mínimas de dignidade e de oportunidade aos jovens, aos velhos e ao povo em geral.

Acesso à Educação, à Saúde e ao mercado de trabalho. E aí é que a coisa pega.

Por quê? Imaginemos uma situação: um menor de idade, idade aproximada de 15 anos, estudando ou não. Se for um daqueles privilegiados que conseguem um emprego, vai trabalhar em período de 6 ou de 8 horas e vai ganhar o salário mínimo. Com um pouco de sorte, acrescente-se vale transporte, e vale refeição, e o salário vai um pouco além dos mil reais.

Acontece, que se ele fizer uns “bicos” para o tráfico, recebe em poucas horas, com algumas “entregas”, o que receberia num mês, trabalhando em horário integral.

Então, a conta é simples e aproveito para usar a frase que ouvi um rapazinho dizer um dia desses no metrô, “Só frojado é que dispensa uma entrega”.

Frojado? Não aguentei de curiosidade e como o assunto estava sendo discutido alto e até com um pouco de exibicionismo para os que estavam ao redor, perguntei ao rapaz o significado.

– Vacilão, tia. Valeu?

Eu respondi “Valeu”, e danei a pensar no que vai acontecer no Day After. Se a intervenção militar for apenas isso, será pura enxugação de gelo.

 

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