O implacável Sr. Ego

daisyfev25Ufa! Mais um livro lançado. E desta vez, a emoção foi bem diferente. Por quê?

Pela primeira vez lancei um digital.

Clandestina, meu livro que está na Amazon, teve uma versão impressa antes. Eu o peguei em minhas mãos, folheei, vi com esses meus olhos que a terra NÃO há de comer, pois sou adepta da cremação…

Mas o Saigon, lançado no dia 23 — semana passada, portanto —, eu jamais vi impresso, a não ser na primeira versão, antes de qualquer revisão. E a emoção estava meio diluída, até que recebi essa mensagem de um homem que não conheço e que dizia, dentre outras coisas: “Gostei da coragem de sua heroína. Esther, com seu olhar penetrante, sua audácia e sua generosidade, encarou seu problema”. E segue, fazendo um trocadilho: “Esther stares at me, e acho que isso vai ser para sempre”.

Epa! Jamais concordei com a história de que “cada livro é um filho”.  Para mim, o livro, no momento em que sai das minhas mãos para as do leitor, deixa de ser minha propriedade, passa a ser de seu novo dono — e isto ficou muito mais claro para mim depois que recebi esse e-mail: o novo dono da história de Esther descobre na personagem virtudes que não valorizei. Não pensei, em momento algum, que ela iria me “olhar fixamente” (é essa a tradução de “stare).  Ainda mais para sempre.

E eu, que já estou entregue a outro trabalho, fabricando outros personagens, me surpreendo refletindo sobre a responsabilidade sobre o que se escreve — um tema recorrente nas minhas reflexões: o que um texto pode provocar de emoção, ou de indignação, ou de ondas de afeto para um leitor, será sempre uma incógnita para seu autor.

Sempre pensei que o fato de entregar uma obra sem a expectativa de um retorno, como o que estou recebendo nesse e-mail, seria uma atitude de humildade, e agora me vejo emocionada. Agradecida, tenho que responder ao JM (é assim que o leitor se identifica em sua mensagem): JM, você me deu um bruto xampu no Ego!

E hoje, imagine, eu que me achava tão humilde com relação a elogios, me vejo fazendo hip hurras de alegria e agradecimento.

Muito obrigada, JM.  Para sempre.

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