Os pequenos heróis de todo dia

Daisy mai 20Nepal, o terremoto aterrorizando, e a criança, um menino de quatro anos, abraça a irmãzinha num gesto de acolhimento, de proteção. Uma imagem como essa faz pensar.

Primeiro, que temos muito a aprender com as crianças; muitos adultos teriam corrido o máximo que pudessem para salvar a própria pele.

Depois, a pergunta que não quer calar: será Deus mesmo brasileiro?

Não temos terremotos, não temos tornados nem furacões, as tempestades que fazem seus estragos geralmente o fazem por mero descaso do Poder Público e das obras que não são feitas, “de que adiantaria canalizar águas pluviais, ou fazer esgotos, se essas obras ficam debaixo da terra e não há como amarrar a famosa fitinha para ser cortada na inauguração? Como é que o povo vai lembrar disso? ”, é o que os políticos devem pensar.

Acredito também que o material usado nesse tipo de obra não é material nobre, canos e cabeamentos simples devem custar uma bagatela, “não dão muito Ibope/$”!

E sigo pensando sobre esta nossa benesse — uma terra sem desastres naturais, sem calamidades causadas pela própria natureza, desde sempre.

Nossos antepassados indígenas não tiveram a menor necessidade de desenvolver tecnologia alguma. Fome? Iam ao rio, pescavam seu peixinho, ou iam para a mata, caçavam, punham na brasa e fim de papo. Frio? A pele do almoço da semana anterior, embora ainda meio fedida, cobria e aquecia. Chuva? Ora, juntavam alguns galhos e ficavam embaixo. Inverno? Tão mixuruca que as frutas e legumes nasciam o ano inteiro…. Ora, aprender a fazer conservas para quê?

O homem só aprende quando precisa resolver algum problema, um professor meu ensinou um dia e eu aprendi. E acredito piamente nisso.

Depois, fomos colonizados mediante o discurso hipócrita dos jesuítas, que estariam aqui para salvar almas, quando queriam mesmo era salvar nossas riquezas. Era a lei no século XVI. Peraí… Século XVI? Poxa, mas estamos no século XXI, e lendo esse papo antigo?

Pois é… Foi assim que tudo começou. E é quase assim que continuamos. Acredito que tanta facilidade gerou acomodação, e um conceito que não se constrói com acomodação é o conceito de CIDADANIA.

Nosso povo, de modo geral, não tem a menor noção de cidadania. Placa de “Proibido Estacionar”? Dá -se um ”jeitinho” e fica-se de olho para a chegada do guarda. A minha rua só dá mão num sentido, mas as pessoas fingem que não sabem e entram calmamente. E vá você reclamar…. Leva impropério, xingamento. Acredita?

Acredite, é a pura verdade. Enquanto isso, as estatísticas de trânsito mostram um morto a cada 12 minutos (dados de 2014). Quem disse que não temos “terremoto”?

É… nós vivemos numa terra sem desastres naturais, sem calamidades causadas pela própria natureza, desde sempre. MAS NÃO SABEMOS O QUE É CIDADANIA!

Vivemos num país em que os políticos que praticam “malfeitos” são considerados amigos do poder, e, quando presos, levantam os braços, de punhos cerrados, como campeões. Quem disse que não temos “tornado”?

O governo faz concessões espúrias para conseguir aprovar absurdos. Mente para ser reeleito e, no dia seguinte, o castelo de mentiras cai em nossas cabeças. Quem disse que não temos “ciclone”? Temos uma tempestade de ministérios, 38, e uma “nevasca” de cargos comissionados — 110 mil cargos para favores a políticos, empresários etc.

É, a imagem do menino que protege sua irmã provocou reflexão. E não tenho mais certeza de que não temos ciclones, terremotos, tornados e assemelhados. Só que nossos cataclismos não de causas naturais, são todos plantados pela ação (ou inação) do próprio povo brasileiro.

Tomara que a Pátria Educadora um dia resolva formar Cidadãos, porque nossos pequenos heróis de todos os dias, muitas vezes nos sinais de trânsito pedindo um dinheirinho, ou nos assaltando para ter o que comer (mesmo que o “alimento” seja cola ou crack), precisam vencer um furacão por minuto. Mas esta já é uma outra história…

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