Os problemas dos outros são “dos outros”

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Essa história vem de longe… Só que, quando eu era criança, já se vai um bom tempo, aprendi que “diáspora” significava dispersão, e sempre que se falava esta palavra a referência era à Diáspora do povo judaico, ao exílio na Babilônia no século VI a.C., depois da destruição de Jerusalém.

Depois tivemos a diáspora negra no início da Idade Moderna, e, muito tempo depois, a chinesa. Os africanos, sabemos nós, fugiam da escravidão, os chineses “fugiam” (e fogem ainda hoje) da falta de oportunidades.

Agora a palavra voltou à moda. Só que os sírios, os afegãos, fogem de quê? Fogem da morte.

Estimativas reportam que mais de 240 mil sírios foram mortos desde 2011. A ONU (Organização das Nações Unidas) estima que mais de 7 milhões de sírios abandonaram suas casas, e que aproximadamente 60% da população vive na pobreza. É de lá que vem a maior população de refugiados: 4 milhões de pessoas.

Barcos em precaríssimas condições cruzam oceanos para “despejar” gente como sardinhas. Podemos imaginar o que está subjacente a toda essa tragédia, além das mortes por afogamentos, como vemos todos os dias. Como sabemos que existe sempre alguma alma penada que fareja a morte, como um urubu, certamente imperam nessas regiões a pirataria e o tráfico de pessoas.

De acordo com dados da ONU, cerca de 2.500 pessoas se afogaram no Mediterrâneo tentando chegar à Itália e à Grécia, em barcos superlotados, sem condição alguma de navegar.

A Europa em crise econômica, as populações defendendo seu emprego… e os ditadores, reis e políticos, nadando nesse mar de sangue, sequer sujam suas roupas.

Nessa altura, você pode estar perguntando o que já me perguntaram outro dia, quando solicitei que participassem de uma campanha contra esse estado de coisas: “Ora, mas isso aí está acontecendo tão longe… nós aqui temos nossos próprios problemas para resolver”.

É… Foi assim que Hitler e outros se “criaram”…

Os problemas dos outros são “dos outros”. Muita gente ainda pensa assim.

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