Vale Tudo carioca

Nem mesmo as águas de março conseguiriam lavar toda a sujeira, o roubo e a insensatez vigentes no Estado do Rio de Janeiro.

Passamos por momentos de grande “fartura”, como ouvi outro dia – “farta” tudo, especialmente vergonha na cara de políticos que têm a petulância de afirmar que a crise do Rio de Janeiro deve-se à perda de recursos importantes, como, por exemplo os royalties de petróleo, e que nada tem a ver com os processos em que estão envolvidos…

Nos últimos dias vimos, horrorizados, crimes tão horrendos que classificar de hediondos seria pouco. Recordando: Dandara, vinte anos, grávida de seis meses, assassinada – a criança, nascida de cesariana que ocorreu com sua mãe já morta, sobrevive em estado crítico. Menos de 24 horas depois, morre Katyara, também grávida. Também assassinada.

Dias depois, Cláudio, mesmo sem ter reagido ao assalto é assassinado na presença de seu filho de cinco anos.

Na quarta-feira, morrem uma vereadora Marielle e seu motorista Anderson, num episódio em que nada foi roubado, nada foi exigido. Um carro emparelhou ao carro da vereadora e abriu fogo.

É assim; no Rio de Janeiro, cada mês morrem muitas Dandaras, muitas Katyaras, muitos Cláudios e Andersons. Morrem em assaltos.

Mas as mortes de Marielle e de Anderson têm características diferentes, na semana passada Marielle fazia denúncias contra a Polícia e se posicionava contra a intervenção militar no Rio.

Eu não conhecia a vereadora ou o seu trabalho, minha informação sobre ela resumia-se ao fato de saber que ela foi uma das mais votadas na última eleição para a Assembleia. Portanto, não estou em condição de avaliar ou sequer imaginar se a sua atitude política poderia ser a causa de sua morte. Entretanto, a forma com que foi assassinada parece bem característica de uma execução.

Vamos pensar:

E por que? Por que, como ouvi comentários, ela era mulher e negra? Por que se manifestou contra a intervenção?

E quem estaria interessado em sua morte? Os que fazem a intervenção, ou os bandidos que estão querendo desmoralizar a intervenção?

Para mim, é difícil dizer. Tudo é possível nesta terra onde Vale Tudo.

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