A Chave

Para mim, um dos momentos mais importantes da vida adulta acontece quando aceitamos que errar faz parte do processo de aprender a viver. Perceber que é um ser que não domina absolutamente tudo e, por essa razão tem que às vezes, “quebrar a cara”, viver a insegurança e simplesmente admitir que errou, é subir uns degraus na escada da maturidade.

Mas, infelizmente, vejo que muitas pessoas não percebem isto. Se percebem, não demonstram em suas atitudes.

Fico eu de cá imaginando que talvez o isolamento social tenha contribuído para o agravamento das tendências anti-gregárias.

Se minha suspeita se confirmar, mal posso avaliar o prejuízo que temos todos nós. Por quê?

Fácil resposta: no mundo civilizado, o outro é a nossa medida: sabemos que estamos melhor ou pior em tal ou qual coisa, quando nos comparamos com uma medida qualquer, e esta medida geralmente é alguém. Um ser humano não vai comparar-se a uma pedra, é óbvio que a medida será outro ser humano. Mas, se vivo em isolamento, o meu modelo passou a ser uma abstração, até que, ao longo do tempo, vai se esvaindo e vira fumaça. Quem sobrou na história? Eu, apenas eu. E os meus modelos foram para o espaço.

Aprendemos a viver no Wzap, no Zoom, no Face, no Insta? Não… é na relação, é no olho no olho, é na mão na mão, é na conversa, é no olhar significativo, é na comunicação gestual. Sem isso, estamos mais pobres, descemos alguns degraus na escala da socialização e da civilidade. O consenso passa a ser “virtual”, e o gesto significativo não existe mais.

Portanto, caros amigos, tempos muito a aprender com o retorno da “normalidade”.

Penso que a chave para o bom recomeço é mostrar que amizades são mais importantes do que opiniões divergentes, que somos maiores do que nossas opiniões. Que a opinião é apenas um detalhe, um ponto de vista, e que nossos olhos devem enxergar o que está além da opinião.

Tomara que você encontre, no lugar além da opinião, a amizade, o respeito, a camaradagem.

Isso é viver em tempo real, o resto é virtual. Ou deveria ser.

# se você me lê semanalmente, já sabe o que quero dizer aqui nessa linha 😉

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