Amizade Responsável

2018 tem sido um ano difícil. Muitas coisas foram postas à prova não só aqui em nosso país, mas também no Mundo.

Refugiados de países em guerra ou em situação caótica, pessoas fugindo de perseguições religiosas ou políticas, levando suas esperanças para além das próprias fronteiras, provocando situações difíceis nos países para onde fogem, e são vistos como ameaçadores. Ameaçadores por causa de preconceitos e também pelo medo de que venham a reduzir as oportunidades de trabalho para os da terra para onde chegam. Uma situação difícil, sem dúvida, a Solidariedade sendo testada, e nem sempre a solidariedade vence o medo ou o preconceito.

Em nosso país tivemos outro tipo de dificuldade – somos um país jovem e estamos em pleno crescimento. Especialmente com relação ao nosso papel de cidadãos.

Saímos de um processo eleitoral difícil, em que os candidatos tentaram desconstruir os oponentes, sem que apresentassem propostas que deixassem o povo satisfeito e confiante.

Assim, tivemos, penso eu, não votos de certeza, mas votos de protesto. E ao final, resultado apurado, alguns, embora se dizendo democráticos, ainda se manifestaram na “torcida” para que tudo dê errado sem lembrar que o “tudo dar errado” seria mais decadência para o Brasil, e não para uma pessoa ou para a equipe que esteja no Poder.

É aí que nos mostramos um povo ainda adolescente, pois é o adolescente que pratica um discurso que sua atitude não consegue incorporar. Com isso, o processo foi ficando mais e mais violento, as paixões acirradas dividindo as pessoas em eu e você, e o NÓS foi ficando esquecido.

Só que o NÓS é o Brasil.

Tenho ouvido falar de famílias desfeitas pela divergência de opinião, e de amizades que viraram poeira no rescaldo do fogo da paixão. Não no fogo da paixão que gera a solidariedade, o abraço, o diálogo e a preocupação com o outro, mas a paixão destrutiva que diz: – Eu tenho a verdade, e só eu sei o que é bom para todos nós.

Nessa história toda continuo acreditando que as verdadeiras amizades não se corromperam pela divergência, e, se acabaram, é porque na verdade nunca foram consistentes o suficiente para serem chamadas de amizade. Não acredito que pessoas que se conheceram ao longo dos anos, ou que são do mesmo sangue se deixem levar por uma situação menor. Não menor para o país, que vive momentos tão difíceis, mas menor por desprezarem um passado, por serem deixados de lado momentos vividos junto, de alegria, de tristeza, de dificuldade. Pessoas que na vida lutaram lado a lado e que de repente se colocam frente a frente, não para um abraço, mas para uma luta.

Sinto muito que tenha acontecido este fato com as pessoas e louvo a vida que me abençoou com amigos verdadeiros, aqueles que discutem, mas que respeitam o passado comum. Aqueles que, passado o caldeirão de fakes, de debates e de tanta confusão, abrem seus braços para saudar a amizade que um dia nos uniu.

Sabem, eu acho isso tão bacana que até merecia uma ISO – a ISO da Responsabilidade pelas Amizades que construíram ao longo do tempo.

ISSO! Como disse Saint Exupery, “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”.

ISSO AÍ!

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