Arrumando as Malas

Mais uma vez estou preparando viagem. Desisti do México pelas razões que já lhe contei, lembra? Se não lembrar, dá uma olhadinha na minha crônica “A Terra Treme”, de 21 de setembro, foi lá que expliquei: terremoto, tornados, coisa e tal.

Troco meu bilhete aéreo, o que, aliás, me deu um bom preju, e resolvo ir para Espanha, faz uns bons anos que não vou a Madri e já estou de água na boca só de lembrar o gostinho do cochinillo que se come naquele restaurantezinho escondido num subterrâneo da Plaza Mayor.

Enfim, estou muito que bem organizando roteiro, vendo opções, marcando hotel quando me rompe essa barulheira toda entre Catalunha e Madri. Não, pela segunda vez trocar bilhete nem pensar!

Neste ponto franze-se minha testa em grande interrogação: Nos dias de hoje, aonde neste mundo, pode-se garantir uma viagem de lazer sem tumultos, sem confusão, sem medo de estar de repente em meio a um tiroteio ou ser alvo de uma bomba?

Londres…? Atenção às bombas do Metrô.

Paris…? Todo cuidado é pouco, especialmente se você é como eu, e gosta de curtir a night.

Oriente Médio? Ah, esta opção só para os muito corajosos.

USA? Para os muito mais corajosos, porque lá não é só alvo de terrorismo internacional, tem até bomba doméstica…

Pensemos em destinos no Brasil… Se eu não vivesse no Rio pra cá certamente não viria, porque o ataque terrorista aqui se chama bala perdida.

É…, restaria a Alemanha, talvez.

TALVEZ… Que palavrinha mais desconfortável quando você tem que tomar uma decisão. Talvez não tem vez quando se trata de Paz, não existe meio termo. Não existe hipótese de paz quando você tem que sair olhando para tudo quanto é lado, numa grande desconfiança de quem está à sua frente, ao seu lado ou atrás de você.

Bom, agora não adianta pensar muito sobre o assunto: bilhete marcado, despesa feita, o negócio é pedir aos céus para que a humanidade descubra como é gostoso sentir Paz. Ou pelo menos, fazer as negociações em clima de harmonia, consensando, negociando, isso não é impossível, já foi feito assim, algumas colônias que eram inglesas conseguiram. Se bem que eram povo asiático, e naquelas bandas a paciência é uma das virtudes que mais valorizam ( e treinam).

Sempre que estou vivendo um momento de indecisão faço uma entrega cósmica: peço a Proteção e Iluminação Divinas para que eu vá e volte sem problemas. É o que faço agora, e para desanuviar, leio Drummond.

“Mundo, mundo, vasto mundo…”

Ah, Drummond, se você pudesse adivinhar o futuro, veria que o mundo não é tão vasto assim depois da Internet, porque praticamente tudo e todos os lugares estão ao alcance de qualquer pirralho que tenha um Smartphone. Mas o teu coração se encolheria de vergonha ao ver que nesse tão “vasto mundo” quase não existe mais um lugar de Paz.

É… Acho que minha próxima viagem terá que ser para o Butão. E ainda me resta a grande viagem diária ao meu Paraíso interior, esse sim, eu garanto que está pleno de Paz.

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