Escrita errada

daisyoct12Talvez o dia de hoje, 12 de outubro, tenha me influenciado quando escrevi essa crônica. Hoje é dia de Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil (pobre santa, tinham que te encontrar no meio das águas para te dar essa tarefa complicada). Também é Dia das Crianças, e por que não brincar um pouco, preservar a criança que temos dentro de nós?

Então, vamos lá.

O ser humano confia demais nas palavras, entes tão pérfidos e volúveis que basta que se coloque um “não” à sua frente, ou um prefixo, um sufixo talvez, e muda tudo, completamente TUDO.

Senão, vejamos: quero, não quero; amor, desamor; mulher, mulherzinha. Ora, um simples sinalzinho e temos a negação ou um tom pejorativo.

Além disso, muita gente define algumas palavras de modo inapropriado, a meu ver. Por exemplo, a palavra “Poder” quase sempre aparece associada a alguma coisa que está além de si mesmo, algo externo, como status, dinheiro, prestígio. Só que, quando nos desconectamos de nossas possibilidades intrínsecas, nos vemos e ao outro tão distorcidos… Muito pior, nessas circunstâncias não se consegue perceber o universo de possibilidades que é a própria pessoa, que pode ser remédio de si mesma, desde que consiga se admitir como criatura originada em uma energia-mais- que-perfeita, desde que consiga acreditar que é uma das pequenas partículas da mesma substância cósmica que um dia se desprendeu, teimosamente, da Força Total e Maravilhosa.

Penso que vem daí o medo, o medo do reencontro com essa Força, o medo de nos vermos como entes divinos que, apesar de sua origem divina, ainda estão se “completando”. Se aceitássemos a nossa origem única, certamente iríamos ao encontro da fraternidade que poderia nos complementar. A angústia de nos sabermos tão divinos e tão incompletos nos leva a viver procurando razões para nossa existência, nos leva à crença de que só nos completamos no retorno à irmandade cósmica da qual nos desprendemos um dia.

O homem escreve errado, mas um dia há de perceber que é formado da essência que é o Amor, e que na velocidade do desprendimento inicial ficou com a face distorcida, como acontece aos paraquedistas no momento do salto.

No dia em que as pessoas enxergarem sua natureza divina, vão se olhar nos olhos e certamente verter lágrimas diante do brilho de suas luzes, como se fica ao olhar um diamante puro, multifacetado em todas as cores.

Nesse dia, paradoxalmente, verão a verdadeira face do Amor, porque as cores não a distorcem, apenas a transformam numa moldura luminosa.

Nesse dia cairão por terra os mitos, porque todos se saberão capazes de realizar as coisas que antes julgamos inacessíveis. No dia em que aceitarmos nossa origem divina seremos pessoas melhores, e passaremos a escrever corretamente a palavra “impossível”. Escreveremos   “in possível”, ou seja, todas as possibilidades se abrirão porque, na verdade, o grande Poder está dentro de cada um de nós, está no nosso desejo de nos humanizarmos a cada dia de nossos dias.

 

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