Esquerda, Direita, “Vou Ver”?

Estamos a três dias da eleição.

Momento grave, decisivo para um país, especialmente no momento que vivemos. Momento de profunda incerteza política, econômica e social.

Só ouço falar de “esquerda” e “direita”.

Sim, pela primeira vez em muito tempo, as pessoas se assumem como de direita.

Anos atrás, a direita era demonizada, era sinônimo de nazismo. Não era considerada uma opção de democratas que não compartilham conceitos dessa atual “esquerda”, à luz dos governos que se dizem de esquerda no momento, tipo Venezuela e Bolívia, dentre outros.

Tradicionalmente a esquerda é o lugar onde estão os progressistas, os neo –liberais, os ambientalistas. E também os anarquistas.

Na direita, estão os neoliberais, os conservadores. E também os reacionários.

Ou seja, todas as opções contem em si perigos eminentes, se mal processados. Anarquistas e reacionários não são bem-vindos aos sistemas de governo que objetivam a estabilidade, a liberdade e o crescimento econômico, cultural e social.

Entretanto, o que sinto em nosso país não é opção pela Direita, pela Esquerda, nem pelo Centro. Mas sim, uma opção que tem origem no CANSAÇO, pelo descrédito em que caíram os últimos governantes. O Centro simplesmente não conseguiu construir um discurso crível, consistente. O discurso da Esquerda não se realizou na prática, ficou sendo um discurso e apenas um discurso.

O povo está cansado de acreditar.

O que sobrou? O desejo de sair em busca.

Em busca de algo novo…, e ninguém está se incomodando mais se é esquerda, se é direita, e sim, estão analisando se existe um discurso que elimine todas as inverdades que assistimos nos últimos tempos. Uma opção que deixe o eleitor vislumbrar alguma possibilidade de arrumar toda a desordem e de afastar a hipótese de que não sejamos uma nova Venezuela, cujos atuais dirigentes foram elogiados, celebrados pelos últimos dirigentes de esquerda em nosso país.

É isso, o discurso da Esquerda se desgastou por si mesmo. O Centro não apresentou nada que chegasse perto de uma proposta digna de ter credibilidade.

Fala-se em nazismo, em fascismo, como sendo exclusivas características dos governos de direita. E o que acontece na Venezuela hoje? Aquilo é democracia, é república?

Não nos enganemos – todas as opções trazem o mesmo perigo quando radicalizam. Mas tenho a impressão (tomara não esteja enganada) que o povo brasileiro já aprendeu (à custa de tanto sofrimento, de tanto desemprego) a ler nas entrelinhas dos discursos e das atitudes dos políticos. As últimas manifestações politicas nos mostram que o povo não está cansado de política. Caso contrário não compareceriam da forma avassaladora às manifestações.

O Povo está cansado é da politicagem.

Mas aprendeu a ficar de olho vivo e a vigiar. Assim sendo, ganhe quem ganhar essa eleição, que se prepare porque o povo não vai mais ficar assistindo ao voo de qualquer dragão que chegue ao Governo.

OLHO VIVO, minha gente. E bom voto.

2 Comments

  • Excelente crônica, traz a visão de um interesse maior que a banalidade e falsidade que vigora, estimula o senso crítico. Uma correção, concordo que o maior problema não está no regime ou sistema econômico, o problema está com as pessoas que os conduzem, com os radicalismos. Mas a correção seria no sentido de que o nazismo ser um partido de direita ou no mínimo que a direita brasileira fosse vista como nazista (nazi é “nickname” de National-sozialistische, origina-se de “National-sozialistische Deutsche Arbeiterpartei – NSDAP” (Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, conhecido como Partido Nazista ou Nazi). Há até hoje uma gigantesca discussão em relação a isso, o partido era contrário ao capitalismo e ao comunismo (o tipo de socialismo soviético), o termo “nacional-socialismo” talvez seja o que encantou as massas, especialmente trabalhadores, cujo apelo também vem no nome do partido; estrategicamente pensado. Por incrível que pareça, o “discurso” de Hitler começou bem, foi bem aceito, realmente ele retirou a Alemanha de uma situação terrível, “zilhões” percentual de inflação, para ser bem resumido, mas a fez mergulhar em caos imediatamente depois. Isto porque ninguém conhecia sua personalidade de fato (fala-se de seria gay, mas se apossara da sobrinha e depois de Eva, a ponto de suicidarem juntos), ele encantava pela sua magnífica oratória, o povo acreditara, então, ele produziu toda a desgraça que foi conhecida… o exemplo mais claro disso é que o povo alemão desconhecia o que se desenrolava por detrás da ribalta, veio a saber das atrocidades cometidas nos campos de concentração, apenas após o fim da guerra (quando foram forçados pelos aliados a visitarem o que sobrou daquela tragédia). Quero dizer que não desmerece o seu trabalho, parabéns pela lucidez e pela forma amigável de transmiti-la, realmente falar de nazismo é difícil, daria anos de estudo e não existe ainda uma teoria definitiva até hoje, a não ser que tenha sido uma tragédia social.
    ► curiosidade, fala-se que Jânio Quadros, quando renunciou, teria se baseado nas táticas de Hitler e Getúlio (que era simpatizante do modelo alemão), imaginando que o povo o ovacionaria e pediria para voltar, deu com os burros n´água, sequer foi notada a sua renúncia, segundo afirma o professor Ricardo Antunes, o povo brasileiro não tolera covardes (tenho lá minhas dúvidas, Collor acovardou-se).

  • Daisy disse:

    Márcio.

    Seus comentários agregam imenso valor ao meu texto. Muito obrigada, abs
    Daisy Lucas

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