Modernidade Líquida

Num tempo desses como o que estamos vivendo, não só aqui no Brasil, mas no mundo, qualquer cabecinha medianamente pensante tem que se informar, refletir, tirar suas próprias conclusões, se não quiser virar algo parecido com um “boneco do posto”, que a qualquer virada de vento muda de direção. Sim, porque vivemos num tempo que Bauman denominou “modernidade líquida”.

Caros leitores, continuo a fazer minhas releituras, revelei a vocês numa crônica anterior que estava relendo Huxley, agora confesso que estou “dando um tempo” na TV e no cinema e releio agora Zygmunt Bauman.

Além de sociólogo, o sujeito era um visionário, vou lhes contar o que ele disse sobre nosso Tempo e vocês vão concordar comigo, garanto que vão.

“Vivemos uma modernidade líquida. Nada foi feito para durar”.

Sentiram como é verdadeiro e profundo o conceito de Bauman? Para ele os novos tempos não eram apenas pós-modernos, porque as características das relações – na Ciência, na política, na Arte, e no próprio relacionamento humano passaram a ter traços absolutamente inéditos, realmente nunca observados antes.

Bauman cunhou o termo “modernidade líquida” uma metáfora para a forma que não se mantém por muito tempo…

Um líquido, se não estiver contido, não consegue manter sua forma.

Se pararmos um minutinho vamos identificar em situações cotidianas, até mesmo da nossa vida, os fundamentos do conceito de modernidade líquida, que se caracteriza por ser “um mundo repleto de sinais confusos, propenso a mudar com rapidez e de forma imprevisível”…

Ora, diante de sinais confusos, o que fazem as pessoas e as instituições? Protegem-se, é claro, cresce o individualismo, e as relações passam a ser mais superficiais e efêmeras. É… Hoje é comum as pessoas “ficarem”, não é? Com isso, as relações afetivas estão mais expostas e vulneráveis, e incapazes de durar muito tempo.

A modernidade líquida registra como marco importante a Internet, que revolucionou os conceitos espaço – tempo, você hoje pode estar “presente” num lugar que está a milhares de quilômetros de distância, com o tempo necessário do bater de seus dedos num teclado de computador.

Mas a fluidez não está somente no Tempo – espaço. Está ferozmente presente na sociedade de consumo. Cada dia fica mais difícil a uma pessoa satisfazer seus desejos de consumo, porque a oferta de novos produtos é maior do que a velocidade com que se pode obter todos…

E a ética? Ah, a forma líquida está lá, presente nas relações de tudo quanto é tipo. Bom, aí vale uma ressalva – na política, especialmente, a ética é a da falsidade. Nem se incomodam de mentir, desde que mintam com competência e não deixem rastro…

Dentre as pérolas que Bauman enunciou, uma é sensacional: “A mudança é a única coisa permanente e a incerteza é a única certeza”.

Vou no popular – Pior que é.

E, na medida em que aumenta a incerteza, dá-lhe de angústia, de depressivos, de consumismo e, ao mesmo tempo, de falta de perspectiva. Falta de perspectiva porque o que é velho se deleta, mas o novo em nosso tempo não tem forma, a forma é liquida, lembram-se?

Amigos, pode parecer que a crônica de hoje esteja pessimista, mas vejam o lado B. Sempre existirão sonhos, é só não deixar que o consumismo transforme você numa mercadoria.

É só apresentar lá no seu Perfil da mídia social a pessoa que você realmente é.

É só não relegar a espontaneidade a um plano menor do que ela merece.

Ah, e quem conseguir essa façanha, vai estar apto a curtir TUDODEBOM dos novos tempos, vai fazer da fluidez uma possibilidade de estar sempre se aprimorando e buscando o melhor de si mesmo.

É, gente, Bauman sabia das coisas.

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