O Óculos mais Caro do Mundo

Na escuridão sequer vemos sombras, as imagens são mais percebidas do que propriamente vistas. Na escuridão o que vemos não tem cor, não tem forma, portanto não tem verdade. Na escuridão não existe emoção verdadeira, e sem verdade nossos sentidos estão sendo enganados, não se ama de verdade o que não é verdadeiro, não se admira de verdade o que não é verdadeiro, estaríamos amando ou admirando algo criado pela nossa percepção ou, pior ainda, pela nossa imaginação.

Na escuridão é possível que pisemos outras pessoas, ferindo, magoando, apenas por não vermos o que está à nossa frente.

Na escuridão a possibilidade do engano é incalculável, parece que tudo fica triste, a insegurança e o medo encontram o ambiente ideal para prosperar. Mas não só a insegurança, não só o medo. Quando não existe verdade tanta coisa ruim pode se instalar… A falsidade, a desonestidade, e a falta de certeza certamente habitam a escuridão, e aqui eu já me apropriei da escuridão como metáfora para conversar com você.

Sim, aqui já não me refiro mais à escuridão que pode ser resolvida no simples ato de acender a luz, mas à escuridão em que se encontram as pessoas que não vivem as suas verdades.

Isso mesmo, estou me referindo à escuridão na alma, o espaço incolor, mas também indolor em que muitas vezes nos abrigamos para fugir de verdades que nos incomodam. Claro que fica muito mais simples não ver problemas do que encará-los ao vivo e a cores. Parece ser mais tranquilo ficarmos quietinhos na nossa zona de conforto. Só que não… e quando percebemos o tamanho do dano que fizemos com esse escapismo talvez seja tarde para “acender a luz”. Não a luz da sala, mas a luz do espírito, a luz da consciência, a luz que vai nos mostrar as cores e as dores da vida.

Quase sempre é um processo dolorido, mas torna-se extremamente prazeroso e estimulante quando vemos todas as cores, a realidade toma forma e podemos então apreciar a vida com tudo o que tem de bom e de ruim, de fascinante e de perigoso, de simples e de complicado. Podemos ver a realidade e assim, fazer escolhas melhores, de maior sabedoria, respeitar as pessoas sem sair pisando em ninguém, porque podemos vê-las – como são na verdade.

Para conseguir isto, temos que adquirir o “óculos de ver”. Pode parecer erro de português, emprego errado de recurso linguístico, mas foi intencional: este óculos não se compra em loja, adquire-se desde o momento em que nosso propósito é cuidar – Cuidar de si mesmo e cuidar do outro.

É o óculos da amorosidade, do desapego, da consciência, e custa caro.

Até admito que a foto em P&B é um recurso que embeleza a foto, mas na vida a beleza para mim vem da verdade, de poder olhar os detalhes, crus, sem recursos artísticos, mas com os recursos da realidade.

#Cuide-se
# Cuide de quem está próximo, acho que você vai ver como é bom.

2 Comments

  • Reginal Nascimento disse:

    Muito bom…vc captou a alma do momento em que estamos vivendo.Todos nós temos que ler e refletir sobre esse lindo texto… parabéns!!! Temos que levar para o nosso dia a dia e
    pragmatizar.Um abraço carinhoso

  • Daisy disse:

    Maria Alice Percini:
    >> Luz sinônimo de vida.
    Sua importância surge através das preces quando rogamos que o Pai nos ilumine e que não permita que a escuridão nos alcance.

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