O País dos Absurdos – Fábula

Era uma vez um país ensolarado, cheio de rios e fontes, e de pessoas que sorriam o tempo todo.

Por que sorriam? Ah, porque neste país a Natureza era verdadeiramente MÃE, resguardava essa terra e esta gente. Ali não havia terremotos, nem furacões, nada que mostrasse uma Natureza enfurecida. Ao contrário, a mãe protetora oferecia alimentos e calor. Os rios e o mar transbordavam de peixes, a caça quase se oferecia aos que desbravavam as matas, como que dissessem “Estou aqui para te alimentar”.

Passa o tempo que passa e os seres de outros lugares foram percebendo a grande riqueza do país, perceberam isto até mesmo antes dos que lá habitavam. E a ganância abriu uma trilha, arvores foram cortadas, os rios perderam as matas que conservavam em suas raízes a umidade necessária para que eles se nutrissem. E o dinheiro ficou sendo o símbolo maior. E, claro, o Poder. Porque nesse lugar dinheiro e poder passaram a andar em dupla.

Alguns pessoas notavam que alguma coisa acontecia de diferente, mas deixaram que continuassem acontecendo. Nenhum dos habitantes do lugar tomava a palavra para denunciar tanta devastação. Foi aí que nasceu a hipocrisia no coração de quase todos eles. E a hipocrisia não fala a verdade, a hipocrisia camufla, mente, esconde, omite.

Os políticos do lugar aprenderam que mentir era o melhor argumento, fazerem-se de vitimas melhor ainda, de perseguidos então, era o ideal – tudo isso é ferramenta para a hipocrisia, porque o povo passou a acreditar em qualquer mentira que fosse bem construída. Então, muito mais do que ações, o que passou a ter grande valor foi a propaganda, o marketing. E o marketing naquele país se desenvolveu tanto que passou a ser tido como um dos melhores do mundo, produto de exportação. Por quê? Ah, porque não fazia só projetos de produtos materiais, fazia também projeto de construir GENTE. E construía qualquer tipo de pessoa que fosse adequado ao momento – se o momento exigisse uma personalidade vigorosa, havia a ciência de construir guerreiros, se fosse preciso um apaziguador, apresentavam um homem-produto que seria a essência da paz e do amor.

Entretanto, poucos perceberam que atrás daquelas falsas imagens não havia nada, nada, como se fossem pessoas de papel, que se fosse rasgado nada ficaria, porque não tinham essência, era só uma imagem. Forjada imagem. E aí, meus amigos, soltaram a pomba da Paz…, e ela tomou rumo ignorado.

Ora, a Natureza não gostou daquilo “Dei tanta coisa a esta gente, tanta proteção, tanta riqueza, é assim que eles me agradecem? Pois vou lhes dar um castigo: Nunca mais eles vão saber o que é verdade e o que é mentira”.

Ah, e além desta praga, ainda foram lançados uns terremotos – pequenos, é verdade, e chuvas torrenciais, que inundavam e destruíam. Os terremotos eram a raiva da Natureza, mas a chuva eram suas lágrimas.

Foi assim que o Brasil se tornou o país dos Absurdos.

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