O Paraíso de Clotilde

Como eu revelei na semana passada, nunca mais encontrei Clotilde… infelizmente, porque parece que ela agradou. Houve, dentre os leitores, quem me pedisse mais histórias da Clotilde.

Foi nossa única conversa, mas me lembro de cada uma das palavras que me disse.

Bom, verdade que não contei toda a conversa que tivemos, que começou na fila do Hortifrúti e terminou no bar ao lado, onde fizemos um lanche.

Bom, no nosso encontro da semana passada eu não revelei que Clotilde me contou ter objetivos “ocultos” nas suas conversas “de fila”.

Você não podia imaginar, não é? Eu também não, e por isso fiquei tão impressionada.

Em dado momento ela me disse: – Quando eu paro para conversar e a pessoa engancha no assunto, percebo que o encontro não é casual. Aquela pessoa precisa daquele encontro, precisa dizer o que tem a dizer e precisa escutar o que eu posso lhe dizer.

Na vida existem muitas oportunidades para nos doarmos ao outro, oportunidades para consolar, compartilhar ideias que talvez ajudem a pessoa a resolver problemas, enfim… se acreditamos que podemos ajudar o próximo como gostaríamos de ser ajudados, se conseguirmos ter uma atitude altruísta (Altruísta? Ih, mais uma para a juventude pesquisar) de repente estaríamos vivendo um paraíso particular.

– Paraíso particular?

– Claro… não entendo essa coisa de ficar esperando morrer para alcançar o Paraíso. Eu quero ter o Paraíso aqui e agora, nesta vida. E não é coisa tão impossível, é difícil, mas não impossível.

Clotilde estava tão convicta de suas ideias que não parava de falar.

– Difícil, eu sei. Especialmente quando você vê e percebe tanta maldade, notícias desoladoras, nessa época de Pandemia então fica mais difícil ainda. Só que eu não fico presa ao que leio ou ao que comentam. Fico atenta às notícias, mas FAÇO. Não adianta ficarmos lamentando o que acontece de ruim se não fizermos algo de bom para combater o momento ruim. Então, eu faço a minha parte em vários momentos… as conversas de fila são apenas uma das minhas ações para levar a pessoa a momentos alegres, enriquecedores. E ofereço meu tempo e minha energia a que ela tenha novas ideias, que valorize o que é e o que tem, em vez de só ficar lamentando o que não pode ter ou ser.

Em tempos difíceis temos que sair da caixinha, seja essa caixinha as opiniões obsoletas, o conformismo, as opiniões prontas que não admitem réplicas….

Isso! Temos que nos reinventar, sermos novas pessoas para enfrentar novas dificuldades, e ninguém pode negar que esta Pandemia é uma dificuldade nunca enfrentada ou sequer imaginada por nós.

Sim, acho que saindo da caixinha você pode diminuir seu estresse, sem esquecer das tantas pessoas que perderam a vida nesse tempo de horror; tendo uma atitude adulta de lamentar as mortes mas continuar zelando pela vida, e continuar tentando colocar seu tijolinho na construção de um mundo melhor.

É.. Se você estiver numa fila e alguém puxar assunto, lembre-se de Clotilde. A pessoa que puxou assunto pode estar precisando ouvir palavras de incentivo.

Valeu, Clotilde.

# Não me canso de repetir: VAI PASSAR!
# Máscara já substituiu o batom na minha bolsa.

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