Passado ou Futuro?

Vivendo no Rio de Janeiro, em meio ao fogo cruzado da intervenção militar, das atividades da bandidagem, da insegurança, me veio à lembrança uma passagem do livro “Vozes de Tchernóbil”, de Svetlana Aleksiévitch, vencedora do Nobel de Literatura 2015, em que ela descreve a tragédia a partir dos relatos orais das vítimas daquela tragédia bielorrussa. Ela diz:

“Passaram-se vinte anos desde a catástrofe, mas até hoje me persegue a pergunta: eu sou testemunha do quê, do passado ou do futuro? É tão fácil deslizar para a banalidade. Para a banalidade do horror…”. (sic)

Sim, estou vivendo a mesma impressão que Svetlana descreve em seu livro.

Antes dos episódios de 64 – Revolução para uns e Golpe para outros – os fatos pareciam, de alguma forma, os que vivemos hoje.

Só que hoje, com muitas outras agravantes, como assassinato dos que levantam suas vozes para criticar, ministro do Supremo Tribunal e sua família sendo ameaçados, pessoas morrendo a cada dia assassinadas por balas perdidas, policiais militares sendo mortos aos montes pelos bandidos. Constantes rebeliões em presídios, onde os presidiários comandam ações de revanche contra a polícia, não dando a mínima para o fato de que estão PRESOS e chegam ao cúmulo de, com seus celulares, clonarem celulares de ministros. Ônibus incendiados, trabalhadores que moram em comunidades impedidos de saírem de suas casas para exercerem seu trabalho e ganharem o sustento de suas famílias.

Para mim, é muita coincidência que tudo isso esteja acontecendo ao mesmo tempo.

E, como Svetlana, me faço a pergunta diante do presente que vivemos:

“Eu sou testemunha do quê? Do passado ou do futuro?”

Não quero olhar para o futuro dos meus netos e do meu país com o olhar de um passado sombrio.

Espero, com toda a força da minha fé no meu país, que em algum momento a voz da Consciência Cidadã – do STF e de todos os níveis da Justiça, dos políticos, e o voto consciente do meu povo, venham a corrigir tanto absurdos, que poderiam vir a configurar o que nosso país já viveu em 64.

NÃO QUEREMOS MAIS VER ESTE FILME, não é?

 

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