Que Nem Limão

No ano passado, que hoje parece ter acontecido séculos atrás, tanta a diferença entre tantas coisas…, reiniciei o projeto de um romance, que já foi tirado e guardado nas gavetas da memória mil vezes, por assim dizer. Ficou hibernando numa Pasta que tenho de nome “Em Pauta”, onde repousam ideias começadas, algumas com jeitinho de vencedoras, ou seja, de quem vai ao final da maratona, ideias outras com carinha de perdedoras, e que – cada vez que abro a citada Pasta, fazem beicinho para eu mudar de ideia.

Afinal, resolvi pegar novamente o “xxxxxxxxxxxx”, romance que tem como protagonista um homem inteligente, bem-sucedido, talentoso, amado, porém… amargo.

E aí vem a minha dificuldade que talvez seja, inclusive, a razão pela qual eu começo e paro, recomeço e paro. Isso mesmo, você já percebeu que para mim não é fácil lidar com pessoas amargas.

Mas se a trama pede, eu tenho que me virar e produzir o tal personagem. E é numa hora dessas que eu me lembro de tudo que elaborei nos anos de terapia e que me é útil até agora e acho que sempre será.

E vou lhes ser franca, a inspiração para esse personagem veio da vida mesmo, só que – como ainda não tinha mergulhado na cara, no jeito, no cheiro, na voz do personagem, eu ainda não tinha sentido como é forte sua amargura.

E a pergunta que não quer calar é “porque cargas d’água uma pessoa – mesmo que sua vida não seja um pote de mel, gasta tempo cultivando amarguras?

Eu conheço um monte de gente que é realmente assim”, disse uma amiga, também escritora, sempre trocamos impressões sobre personagens.

Sim, ela está certa, existem pessoas amargas que nem limão, gente que só vê o lado ruim de tudo, ou que se considera eterna vítima na vida e que, se pudesse, pararia o mundo, só para ninguém poder seguir adiante.

E daí que tenho que observar, observar, e observar, para “não perder a mão” quando escrevo o tal personagem.

Nesse papo com minha amiga me dei conta de que senti que era realmente uma escritora quando, no primeiro livro que escrevi (e não publiquei), fiz um tipo que era tudo o que eu não gostaria de ser, pessoa que eu nunca teria o menor prazer em ter algum tipo de contato, consegui inseri-la na trama e passar da página 20. É isso que sempre sugiro às pessoas de quem edito texto ou que ocasionalmente me pedem opinião sobre como começar uma carreira na literatura.

Eu digo: _Tente passar da página 20.

E sigo na briga com meu personagem, mas tudo está sob controle – já estou na página 120.

E, mesmo diante desse amargo ano de 2020 acho um espaço para sorrir quando lembro uma frase do Master Millor, que disse:

Certas coisas só são amargas se a gente as engole”.

# Mais um pouco de calma, a Pandemia não é eterna.
# Cuide-se

4 Comments

  • Denise disse:

    Acho bonito nunca “abandonar”os perdedores( qq situação,mesmo os da pasta “Em pauta “)!!Boa sorte na nova obra,no personagem tb!Acho que vai ter umas pinceladas de alegrias e bons momentos tb!As um ,merece!

  • Denise disse:

    Qq um,merece!

  • Maria Alice Castro Percini disse:

    Você o concluirá com êxito,tenho certeza.
    Bjs.!

  • Daisy disse:

    Sandra loureiro
    >> Que tal escrever um livro com todas as suas crônicas? Uma coletânea. …Fica a minha ideia.

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