Simples assim

paifilhoConfesso que o senador Magno Malta não teve a minha simpatia quando declarou que não existe homofobia no Brasil. Para mim, existe, e como!

Mas tenho espírito democrático e, como tal, não posso deixar de reconhecer algo bom, mesmo quando vem de pessoas com as quais tenho divergência de pensamento ou de ideologia.

E foi o que aconteceu quando assisti ao discurso do senador Malta, por ocasião da votação da admissibilidade do processo de impeachment da presidente Dilma.

Abro aspas para o senador: “Da Educação de meus filhos cuido eu, a Escola abre as janelas do conhecimento”. Neste ponto eu concordo plenamente com ele.

Cada dia mais — e até reconheço que por uma série de problemas graves, como excesso de horas de trabalho dos pais, às vezes até duplas jornadas —, percebo que cresce a tendência de que as famílias deleguem a tarefa de educar somente à Escola.

Ora, amigos, os professores seriam mágicos se conseguissem executar seu planejamento. Com conteúdos cada vez mais desinteressantes, muito menos motivadores do que os inúmeros estímulos que a internet oferece às crianças e adolescentes (inclusive no que se refere a conteúdos), seriam mesmo bruxos se conseguissem realizar seu trabalho e ainda formar o cidadão e a pessoa.

A Educação — e aqui me refiro a hábitos culturais e pessoais, a caráter — não se ensina. Mas se aprende. E como se aprende? Ah, no dia a dia, na vivência do discurso, no exemplo, na confirmação da palavra.

“Você não tem que ler o livro que a professora mandou?”. Agora pergunte se a criança viu os pais lerem algo além dos jornais.

“Menino, é feio mentir”. Toca o telefone e a mãe avisa à empregada: “Diz que não estou”.

“Meus filhos, roubar é horrível, além de ser pecado”. E aquele mesmo pai compra produtos piratas.

“A corrupção é uma praga nesse país”. Mas o paizinho, o titio ou a titia correm para oferecer “cinquentinha” se um guarda os surpreende cometendo uma infração.

Quando nos referimos aos políticos, dizemos que o discurso falso não tem mais vez. E o nosso? E as nossas “falsidades”? Será que as crianças e os adolescentes não percebem isso nos próprios pais?

Pois, se percebem, e para mim é claro que sim, imaginem como ficam suas cabeças. Pior, a coisa se alastra em progressão absurdamente desmedida, e as pessoas crescem já sabendo que a mentira tem sua hora e sua vez. Existe até quem classifique certas mentiras como “mentira boa’, aquela que é dita “por educação”. Qual…

O “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço” já morreu. Quem manda aqui? Bom, tomo emprestadas as palavras do senador, no que se refere à criação de filhos conscientes, honestos, cidadãos:

— Filho meu sou eu quem educa, a escola abre a janela do conhecimento.

Simples assim.

 

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