Sinal dos tempos

daisynov9

Charles Bukowski, brilhante escritor americano contemporâneo.

Tenho ido muito a festas de jovens ultimamente. E não posso deixar de comentar um fato que me deixa com a pulga atrás da orelha.

Por quê?

Ah, as festas são verdadeiros espetáculos, belíssimas, nas quais me impressiona a música, aquela que leva todos para a pista de dança, sabem como é?

As músicas funk — geralmente são funk, ritmo que adoro, e que, tal como o samba, não consigo ouvir sem balançar o corpo — exibem umas letras que, pelo amor de Deus, tempos atrás causariam verdadeiros escândalos. Palavreado chulo, sem sentido às vezes, em que órgãos sexuais, por exemplo, já não tem nome e sobrenome: os compositores vão no popular mesmo…  aliás, chamam isso de “funk ostentação”. Precisa dizer mais? Fico me perguntando onde os “compositores” foram encontrar tanta vulgaridade. Eu não saberia responder.

Pronto! Vulgaridade, esse é o meu tema hoje. Vamos lá: vulgar — banal, medíocre, ordinário, reles, rude, tosco, chulo.

A sexualidade está bastante relacionada à vulgaridade, e, na maioria das vezes, à mulher. Ninguém diz que um homem é vulgar quando tem um modo de vestir apelativo, usando peças que provoquem ou estimulem a libido. Mas a mulher…  basta usar um decote mais abusado que já é uma periguete.

Ah, mas vulgaridade não é somente isso. Ela se apresenta não só na forma de expressão, mas também no comportamento e na ação.  Diz o Google que também está associada a pensamentos fúteis ou maldosos, e que a ação de quem é vulgar se manifesta quando age com imoralidade ou banalidade. A ação de quem é vulgar é cheia de gestos e frases desnecessários, cujo objetivo é ser diferente, às vezes chocando o outro, para chamar atenção.

Pior, se justificam dizendo que é “espontaneidade”. Espontaneidade para atrair uma plateia não precisa de exageros, basta ter talento e boa argumentação.

Escritores que produzem personagens vulgares hoje têm uma variedade enorme de fontes de inspiração… Charles Bukowski , escritor americano, famoso por criar personagens que agem com obscenidade,  dizia: “Nunca forço a minha vulgaridade. Deixo que busque seus próprios meios de expressão”. Seria Bukowski um vulgar,  que fazia de sua obra uma válvula de escape?

Não sei, mas uma coisa é uma coisa… Romance é ficção, mas a banalidade na vida é algo a ser pensado.

Sigo pensando o porquê de as mulheres ganharem tão facilmente a pecha de vulgares por causa de um decote, de uma saia curta. Homens, ao que me lembre, só ouvi sendo chamado de vulgares quando são aqueles conquistadores baratos, tipo que valem 1,99…  aqueles que dizem que “comem todas”, que fazem das mulheres o que quiserem, que são os poderosos,  os mais sedutores. Mas parece que estão atualmente sendo louvados. E até eleitos presidentes… Não foi isso que o Trump confessou, num vídeo em que estando fora dos palanques, se mostrou um vulgar?

Seduzir é bacana no homem e nas mulheres é sinal de piriguetismo?

É… Sinal dos tempos. Os mesmos tempos de mil novecentos e antigamente… 

 

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