Só uma Ideia…

Existem fatos que nos pegam desprevenidos na vida.

A morte de alguém querido é uma delas, por mais que saibamos que todos nós temos um prazo de validade e que a única certeza é o fim.

E dá-lhe reflexão, porque, imagino eu, pessoa alguma que tenha mínima sensibilidade é capaz de passar um momento de perda sem voltar-se à reflexão.

Para início de conversa, o tal do prazo de validade.

Qualquer produto (e o ser humano é um deles) vai se deteriorando com o tempo. Tem gente que não acredita no que está carimbado no produto e nem toma conhecimento do prazo. E comem coisa semiestragada, passada, já sem gosto, ou de mau sabor.

No caso do “produto” em pauta – o ser humano – acontece coisa parecida.

(The Art of the Brick, esculturas de Lego feitas por Nathan Sawaya)

Existem pessoas que não tem a menor ideia de que por mais que tentem disfarçar, o tempo, denunciador, está ali, nas mãos enrugadas, embora o rosto esteja mais esticado que lençol de noiva. Tudo bem que se procure melhorar o visual, mas sem muita ilusão. O tempo está ali, presente, no andar mais lento, na memória que dá trancos, na audição que fica “menos esperta”.

Ah, ainda tem o óculos. Para enxergar melhor de perto. Acho muito curioso isso.

A Natureza parece que faz uma ironia, quando nos põe nesta situação. Pela lógica, à medida que o envelhecimento avança, deveria ser mais difícil enxergar o que está longe.

Mas não. Os óculos da velhice são para enxergar o que está perto. E me pego “mastigando” este pensamento, quando vem a resposta, num brainstorming repentino.

Já sei: é mais fácil enxergar ao longe, porque lá, no longe, está a nossa expectativa de ampliar a própria validade.

O que está perto, nos rondando, é o andar lento, a ruga nas mãos, e o olhar cansado. E quem quer tomar ciência e consciência do próprio tempo de validade? Poucos aceitam o envelhecimento com naturalidade, a maior parte de nós se lamenta.

Não gosto nada de lamentações, embora, claro, reclame de tudo: do político corrupto, de quem dirige na contramão, especialmente quando entra na rua em que moro, dos sem educação, dos sem sensibilidade que riem quando deveriam estar chorando, dos tolos que choram quando poderiam estar sorrindo, do “esperto” que quer te vender gato por lebre… Olha, minha lista de reclamações é grandinha…

Mas não lamento. Eu chio, escrevo contra, denuncio, mas não lamento. Por quê?

Bom, faço isto ou tento fazer assim, desde que percebi como a Vida é generosa para quem tem generosidade. Não, não falo do estereótipo generosidade tipo dar esmola, ser boazinha, perdoar absurdos… Nada disso. Aliás, nem mesmo sei se o termo generosidade seria o mais adequado. Entretanto em relação à Vida, acho que pode ser. Porque chamo de generosidade com a Vida o viver com intensidade, com alegria, agradecendo os fatos ruinzinhos – que nos aprimoram, ou os que acontecem apenas para serem usufruídos com prazer, o lutar pela existência com atitude positiva, digna, sem querer tirar proveito do que não é seu, sem pensar-se maior do que é.
Aproveitar cada instante, mantendo a conexão com o que está acontecendo, para que a memória registre o que for importante registrar.

Não desistir de um sonho, de um projeto que seja bom – não apenas para você, mas para outras pessoas. Isso mesmo…, se não fez isto antes, o envelhecer marca a hora de fechar a conta do egoísmo, de abrir as comportas da compaixão (mas sem pieguice, please, ninguém precisa virar madre Teresa só porque está envelhecendo).

Tentar fazer coisas novas para que o cérebro não perca o hábito de aprender é uma boa.

Também é hora de admitir que não existe resposta pronta para quase nenhuma situação de vida. Mas que, com um pouco de esforço, você pode sair de qualquer situação pela porta da frente, sem se esconder, até aceitando que não deu certo.

Porque não há arrependimento mais doloroso do que ter saudade das coisas que não aconteceram.

 

4 Comments

  • Daisy disse:

    Muito lindo
    Força e fé
    >Sheyla Ludolf Bandeira de Mello

    Lindo amiga. Bjo no coração.
    >Ana Lúcia Cardozo

  • Daisy disse:

    lindo texto, vovó! parabéns. 💖💖
    >Ana Carolina Sales

    MARAVILHOOOOSO…DAisy….
    Grande LINA…
    muito querida….RIP
    >Sheyla Ludolf Bandeira de Mello

    Amiga que lindo!
    Parabéns!
    Vida q segue…bjos
    >Sueli Pessanha

    Doi muito mas temos que seguir nosso caminho amiga força e de bjs
    >Fatima Custodio de Almeida

  • Daisy disse:

    Obrigada!

  • Daisy disse:

    Obrigada!

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