Yuugen

Na minha vida, a expressão “Não tenho tempo” foi uma constante, tinha que planejar e priorizar o mais importante para conseguir dar conta de tudo o que pretendia fazer. Por exemplo, entre estudos, trabalho e outros afazeres, sempre procurava encontrar um tempinho para brincar com meus filhos. Era um tempo de qualidade, quantidade pouca. Mas quase não me sobrava tempo para assistir o seu brincar.

Só que um dia resolvi que o meu patrão seria a Vida e daquele momento em diante trabalharia para ela, em prol dela.

Abriu-se um universo de opções… me engajei em tanta atividade que… segui com pouca sobra de tempo. A diferença é que a partir do tal dia o meu relógio passou a ser o biológico, e o meu despertador, o afeto.

Devo confessar que prioridade um, hoje, são meus filhos e netos, minha agenda sempre tem uma “reserva técnica” para o caso de precisarem de mim.

Então… ontem eu estava conversando no play de meu prédio com pessoas amigas; cada uma de nós acompanhava uma criança. Eu era a única avó, as outras eram mais jovens, eram mães das crianças.

E me peguei, de repente, a pensar como é prazeroso resgatar na vida, mesmo no tempo “errado”, o que não se pôde fazer no tempo certo, o que foi o meu caso.

Observando o brincar do netinho de sei anos fiquei relembrando como aprendi com minhas crianças… Com seus gritos, suas brigas, suas correrias… com sua sabedoria intuitiva. E me veio uma tão grande alegria interna, tipo mesmo yuugen, que é a palavra que os japoneses utilizam para expressar esse tipo de sentimento – forte, intenso, absurdamente interno.

Um sentir de profundidade, que não precisa ser alardeado nos alto-falantes da vida porque, antes de chegar aos olhos, toca a alma. E aí, caros leitores, nada pode ser explicado, porque só existe o sentir.

#quer continuar sentindo o prazer de viver? Facilite, use máscara.

1 Comment

  • Sonia Gomes disse:

    Daisy, como me identifiquei com tudo isso e em especial com esse parágrafo: “E me peguei, de repente, a pensar como é prazeroso resgatar na vida, mesmo no tempo “errado”, o que não se pôde fazer no tempo certo, o que foi o meu caso.”

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