Êta vida mais ou menos…
Buzinas, fumaça, barulho de tudo quanto é jeito e qualidade. O problema é que a qualidade do barulho das ruas das grandes metrópoles geralmente é de alto teor de agressividade aos nossos ouvidos…
Na madrugada, quando parecia que todos tinham se recolhido, de repente ouvi no corredor o ruído de passos vigorosamente incertos.
Logo depois, eeek! Hic!… Nossa, o morador do 201 está chegando bêbado como um gambá, soluçando mais que… Um insistente ding, dim! Ele deve ter esquecido a chave, mas não precisava tocar a campainha com tanta fúria. Não satisfeito, knock knock, toc toc, começou a surrar a porta do mesmo jeito que o lobo gostaria de ter feito quando chegou à casa da vovozinha. Ufa! Felizmente sua mãe acordou e abriu… Bam! Depois da sonora batida de porta, tento dormir de novo.
Minutos depois… Hahaha! Agora o cara deve ter visto alguma coisa muito engraçada na TV, porque danou a gargalhar feito um louco. Pior: Pow! Pow! A parede treme de tantos socos que recebe, ele deve estar vendo luta de MMA. Uma hora depois, eu me embalando ao som dos tique-taques do relógio, agradeço aos céus porque o silêncio voltou a reinar no lado de lá. Ilusão… O álcool ingerido faz o homem… Ron! Ronc! Roncar feito um porco.
Sento na cama em posição de lótus e começo OMMM… OMMM… OMMMM… e… Beep! Recebo um whatsapp. Desligo o iPhone, agora VOU DORMIR!
Já estava sonhando e… bum! bum! O que será isto? Tiro? Não, foi um transformador que explodiu. Ah… menos pior.
Volto a deitar, retomo a meditação, agora deitada.
E acordo com o fonfom da buzina do morador do 301 que, imagino, esqueceu o controle da garagem.
Buá! Me dá vontade de chorar! De manhã cedo vou pegar estrada e preciso estar descansada, vou dirigir por quatro horas…
Afinal, consigo ter três horas de sono.
***
Pego a estrada, chego a Santo Antonio do Pinhal, na serra da Mantiqueira. Ahhhh… O Paraíso, finalmente.
Barulhos? Sim.
Quais?
Ora… O buzzz bzzz de uma abelha voando, miaus, muuus, au-aus, o plop-pocs dos sapos coaxando no quintal, o plomp plom dos frutos caindo de árvores, crunch! O croc das torradas deliciosas no café da manhã, brrrooom, o esbravejar do trovão e um ou outro atchim do tanto que me banhei na chuva.
No mais, silêncio total, só interrompido pelo pim-ping plim-plic das gotas de chuva sobre o telhado, ou pelos ohs de emoção ao ver o lindo pôr do sol.
Súbito, o trim-trim do telefone.
— Ah, que bom que você ligou, queria tanto ouvir sua voz…. Smack!
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