A Festa

As coisas estão de um tal jeito no Brasil, que o melhor é poetar:


A Festa

No meu sertão as mulheres têm bom trato, não comem no mesmo prato
que um dia alguém quebrou.
No meu sertão morena tem zoio verde, não tem frio, nem tem sede
que água tem na moringa, tem um sol que sempre vinga
o frio que alguém passô.

No meu sertão tem criança dançadeira,
dança em volta da fogueira pra no fogo se quentá.

No meu sertão não tem velho nem tem moço
vive tudo no alvoroço de quem vive e quer chegar
naqueles tempos, os bons tempos de criança
quando a vida é uma dança e todo mundo quer dançar
um bom xaxado, mesmo que no passo errado,
pois no passo desta dança não tem nada pra errar.

Dança do povo é uma dança de paixão, incendeia coração,
pro amor incendiar..
Dança de festa, dança gente tão modesta,
que no fogo desta dança tudo vai se alumiar.
Amanhecendo o fogo apaga de mansinho,
fica tudo um só carinho pro sertão acarinhar.

O povo acorda pra preguiça do trabalho
E aí eu me atrapalho que meu caso é festejar,
e a minha festa não tem começo nem fim,
cheira a cravo e alecrim, a roseira e jasmin…
A festa é dentro de mim.

Não tem jeito, quando tudo está incerto,
Os dotô nem sabe ao certo o que há de se fazer,
o povo encara, e sem ter outra saída,
grita, dança, se obriga… se obriga a ser feliz.

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