Cada cabeça, uma sentença

romaDizem alguns que essa frase, que já nasceu polêmica, foi criada por Públio Terêncio, poeta romano — tot homines, tot sententiae. Outros, que era a frase com que Catão, senador romano, encerrava seus discursos, ótimo significado para a situação que vivemos hoje em nosso país, quando se encerra uma das mais aguerridas campanhas políticas de que tenho lembrança, e olha que já pude ver algumas…

Eu não poderia deixar de usar este espaço para desejar que todos nós, brasileiros, possamos analisar cuidadosamente as opções de escolha que temos, que possamos perceber, nas entrelinhas dos discursos, o que está subjacente ao texto — se há apenas uma intenção mesquinha de ter o poder, ou se existe realmente alguma coisa a mais, como, por exemplo, deixar de lado o discurso falso e apresentar resultados. Resultados reais, sem manipulações ou maquiagem.

Espero que possamos entender onde está realmente a intenção de caminhar rumo a um futuro digno, ou se teremos que nos conformar com a manutenção do discurso de proteger os “pobrezinhos” com migalhas, para ter sempre pessoas agradecidas que vendem a alma (e o voto) por elas.

Entendo que essas pessoas façam isso, não por desinformação, não por malandragem, mas porque têm a ingenuidade dos bons, a crença da solidariedade.

Vocês já notaram como as pessoas mais pobres são solidárias umas com as outras? Já vi situações muito interessantes, do tipo “vamos ajudar Fulano ou Fulana”, e as pessoas passavam o seu domingo ajudando na construção de um puxadinho na casa do amigo. Raramente vejo isso entre as pessoas do meu bairro, por exemplo. Mas tenho a sorte de ver entre meus amigos, que sorte ter amigos assim… mas é só, como dizia o grande Nelson Rodrigues. É mesmo a vida como ela é: políticos de todos, TODOS os partidos se aproveitando da ingenuidade e da crença no Bem.

Que possamos todos nós ter a malícia necessária para perceber as várias roupagens com que a Mentira se disfarça. Que sejamos todos nós, do abonado ao desfavorecido, mais perspicazes do que os mentirosos, para podermos formar nossa própria opinião e não ficarmos apenas repetindo e acreditando, aceitando acordos espúrios, novas palavras que desmentem as mesmas palavras que as pessoas disseram no passado, quando o objetivo era comover e chegar ao poder. E escrevo poder com letra minúscula mesmo, porque pessoas que chegam ao poder com falsidades e mentiras nunca têm o verdadeiro Poder, mas um arremedo dele, porque construído em bases falsas.

Que tenhamos condição, todos nós, de assumirmos o próprio voto em prol do bem comum, e não porque A ou B vai nos privilegiar desta ou daquela maneira.

Que tenhamos, depois de tudo, a elegância de aceitar os que venceram, sem manifestações de ódio. E que o vencedor possa usar a frase de Catão em seus finais de discurso, para que o nosso Gigante não perca a cabeça.

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