Educação… E AGORA?
Desde alguns muitos anos atrás não ministro aulas em Escolas.
Apesar de ter sempre trabalhado no entorno da Área Educação, o meu business acontecia em empresas preferencialmente, conteúdo sempre voltado a desenvolver habilidades e procedimentos necessários a implantar/implementar Sistemas da Qualidade.
Essa justificativa se faz necessária antes de eu entrar realmente no assunto de hoje porque… vamos combinar, uma coisa é você estar assistindo o vendaval sob proteção, através de uma janela, e outra é você estar no olho do furacão fazendo força para não ser levada por ele, livrando-se do medo e encarando o redemoinho com a bravura que só o pavor pode proporcionar a alguém.
Sim, diante do pavor, nada a fazer a não ser gritar e reagir.
Imagino que seja isto o que os professores – os bons professores, os professores conscientes da importância do seu papel estejam sentindo.
Para começar, é imenso o descompasso entre as ferramentas que a Escola dispõe para “ensinar” e as ferramentas que o aluno dispõe para aprender.
Tempos atrás, o tipo de ensino que acontecia se dava através do sistema “cuspe e giz”, aquele sistema que só concedia ao professor as seguintes ferramentas – seu conhecimento, sua voz, giz e um quadro. O aluno dispunha de caderno, lápis, borracha, caneta, apontador e… acho que só.
E hoje, o que temos hoje? Você conhece algum adolescente ou pré-adolescente que não tenha um celular? Eu não conheço.
Olhe bem: não estou falando das crianças de famílias abonadas, dos riquinhos.
Não.
Como sou uma pessoa curiosa e relativamente bem relacionada, conheço gente de tudo quanto é tipo. Classe social nunca foi um critério de seleção para que eu fizesse amigos ou, pelo menos, conhecidos, pessoas com quem eu gosto de conversar.
E como se descobre coisas quando se vai a lugares que nunca planejou ir, quando se conversa com pessoas que lhe apresentam um mundo que você nunca imaginou existir, com carências absurdas e inimagináveis e ao mesmo tempo com recursos preciosos, ocultos ou sequer descobertos.
Por isto e por causa disto, ressalvando o fato que estou olhando, protegida, o furacão passar através da minha janela, estava eu a imaginar o quanto os professores devem estar sentindo-se impotentes diante desse período que estamos vivendo.
Que recursos eles dispõem para tornar interessante uma matéria, um tema, um assunto? Durante o ano passado apareciam numa tela, outros nem isso conseguiam por falta de recursos de seus locais de trabalho. Reiniciando o ano escolar, modo presencial, como enfrentarão eles o redemoinho da mídia social?
Foi-se um ano inteirinho nesse chove-não-molha, não conheço viva alma – professores, pais ou alunos – que digam que o ano de 2020 foi ao menos mediano para a Educação.

Tudo bem, foi-se o tempo do cuspe e giz, do lápis e borracha.
O que eu gostaria de saber é, diante do “não acontecer” que foi o ano de 2020, como a Educação vai resgatar esse tempo. Que ferramentas serão oferecidas aos professores, além do “cuspe e giz”?
Sim, porque o aluno tem um mundo de ferramentas ao seu dispor, a partir da mídia social, da mídia em geral. Tutorial de todos os tipos, informação detalhada de todos os assuntos, acesso à informação como nunca houve. Quem tem um celular tem o mundo nas mãos.
E os professores, o que trazem de novo? Será que a Escola vai lhes oferecer as ferramentas mínimas de que precisam?
Sei não.
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