A Fila Invisível

Não suporto filas…. Aliás, acho que poucas pessoas gostam.

Bom, nem sei…, não acreditava que alguém entrasse em fila para se divertir, mas lembrei-me agora de uma conversa que tive com Clotilde (claro que mudei o nome da minha interlocutora, respeito a privacidade das pessoas, tá?).

O que ela me revelou? Acredite, ela ADORA uma fila: fila de banco, de caixa de supermercado, de ônibus, de correio… enfim, tudo quanto é espécie e natureza de fila.

Contou-me que aproveitava esses momentos de fila para fazer amizades. Como assim, perguntei-lhe. Me disse que quanto maior fosse a fila, mais conversa conseguia, e mais chances de estabelecer ali um contato que, muito possivelmente poderia transformar-se em amizade.

Eu, na minha experiência consagrada pelo tempo, fiz logo uma “leitura” do que poderia ser esse papo de amizade fácil. Solidão? Delírio?

Claro, passo anos para ter certeza de que a pessoa é, realmente, uma pessoa amiga e vem Clotilde com essa história de que faz amigos em fila, qualquer fila? Me poupe (foi o que pensei, mas não verbalizei, porque queria que o papo me rendesse uma crônica, é claro).

Mas, como ela me assegurou que o que dizia era verdadeiro, nada mais me restou a não ser acreditar.

E, droga de mania de refletir sobre fatos, lá fiquei eu a matutar (atenção juventude, o termo foi muito usado por Monteiro Lobato, conhecem? Se não conhecem, vale a pena pesquisar). Mas voltando à vaca fria (ih, outro termo para pesquisa, juventude), continuo a minha reflexão.

Amizade em fila?

Qualquer fila?

Tá bem! Estou pensando aqui numa fila na qual a torcida é para que chegue a sua vez, seja você como for – jovem, velho, gordo, magro, rico, pobre. Sim, e o bizarro é que esta fila é invisível – não se faz a menor ideia de quem ou quantos estão à nossa frente, só se quer que chegue o seu momento.

Não conversei com Clotilde sobre a fila em questão, mas eu poderia dizer a ela que uma coisa é fila de caixa de supermercado – visível, em que você pode garantir sua vez, impedir que furem fila, e saber exatamente em que momento você será chamado.

Mas… e a fila invisível da vacina? Você sabe que chegará o dia, mas… QUE DIA?

Pois se a fila é invisível, como saber com certeza? E tome estresse…

Justamente por que tenho visto pessoas tão estressadas com o assunto, fui colher informação. E cheguei a uma pesquisa publicada em 2002 pela Universidade de Birmingham, Inglaterra, que acompanhou 60 estudantes universitários para investigar a relação entre o estresse e a formação de anticorpos.

A vacina era a meningocócica C conjugada.

Eles foram entrevistados, preencheram formulários e a Pesquisa concluiu: existe evidência de que o status de anticorpos depois de vacinado pode ser suscetível a influências psicológicas. Ah, se você tiver interesse, dê uma olhada em: https://saude.abril.com.br/blog/boa-pergunta/o-estado-emocional-afeta-a-eficacia-da-vacina-contra-a-covid-19/

Procurei exaustivamente outra pesquisa que contestasse o resultado desta, não encontrei. Portanto, amigos leitores…. Busquem ferramentas de combate ao estresse… ele pode interferir no próprio efeito da vacina no que se refere à formação de anticorpos.

Ah, se fiquei amiga da Clotilde? Não, nunca mais a vi. Mas na próxima semana falarei, quer dizer, escreverei mais sobre o assunto. Obrigada, Clotilde.

# as palavras chave são: paciência, máscara, higiene.
# Vai passar, como na música do Chico.

1 Comment

  • Daisy disse:

    Ana Lucia Cardoso
    >> Arrasou como sempre. Conte mais dobre Clotilde.

    Dalva Barros
    >> Adorei! Me apresenta a Clotilde, ando querendo um papo cabeça!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *