De PRESÉPIOS & Presepadas
Quem nunca parou diante de um presépio para admirá-lo? Não importa a religião, mas sempre chama atenção a cena bíblica de Jesus na Manjedoura cercado pelos pais e pelos animais.
Para início de conversa e para quem não sabe, manjedoura é o cocho, no estábulo ou curral, onde se põe comida para os animais. Só aí a cena já se torna icônica.
Símbolo cristão, o primeiro presépio foi montado no ano de 1.223 d.c., na cidade italiana de Greccio. Conta a lenda que São Francisco queria mostrar aos camponeses como se deu o nascimento de Jesus, e teve a ideia de confeccionar em argila os bonecos e os animais para montar a cena.
A ideia foi adotada plenamente. Na Europa, as famílias dos aristocratas cristãos contratavam artistas para montar o presépio. Nessa época faziam verdadeiras romarias para contemplar os presépios da região, as pessoas percorriam as propriedades e os nobres se esmeravam para apresentar o presépio mais bonito.
O primeiro presépio no Brasil foi montado em Olinda. Hoje, vemos principalmente nas cidades do interior alguns presépios, mas não tanto quanto na Europa, onde é bem comum tanto no interior quanto nas metrópoles.
O primeiro foi de argila, hoje se vê presépio de tudo quanto é material – desde palha de coco, a cimento, a madeira, a chocolate, e nas praias vemos lindos presépios de areia.
Anos atrás, vi em Barcelona, uma exposição de presépios de excepcional beleza, são comuns exposições do tipo, com escolha de vencedor, prêmio e tudo.
Para minha surpresa, ao preparar esse texto, descobri vários concursos de presépios aqui no Brasil. E não é evento novo, vi alguns desde 2015…
Mas, nesses tempos que vivemos, a palavra “presépio” infelizmente me remete a outra palavra não tão nobre – a “presepada”.
COMO ASSIM, penso eu… Presépio e presepada? Lá eu fui à busca da relação entre palavras de sentido tão diferente.
Presepada hoje é tão comum… basta lembrar desses políticos com carinha santa, jurando serem os mais corretos e sinceros, e justos, e honestos… tempos depois, descobre-se que aquele discurso é pura presepada.
Meu cérebro deu voltas… qual seria a possível relação entre coisas tão opostas… um símbolo da pureza e da cristandade; outro, símbolo da vigarice.
Ah, pesquisei mais um pouquinho e cheguei ao etimologista Silveira Bueno que atribui a origem dessa gíria à palavra presépio mesmo… pois presepada era o adjetivo com que qualificavam os autos de Natal encenados por maus atores, e que eram vistos como farsantes.
Ihhhhh… melhor eu parar por aqui para fazer minha mensagem de Natal bem bacana porque se for contar as presepadas e os presepeiros que vejo por aí… não, não quero esta vibe para o meu Natal.
Sendo assim, desconsideremos a “presepada” e vamos ficar apenas com a linda imagem de Belém.
# Natal é tempo de solidariedade, lembre-se de se proteger pensando não somente em si, mas também em quem está ao lado.
# Feliz Natal – Saúde e Paz.