De Barriga Cheia

Conversando com uma amiga sobre viagens, ela louvou em prosa e verso os cafés da manhã dos hotéis brasileiros, pródigos em comida de tudo quanto é tipo, e frutas, e sucos, enfim… Tudo o que se tem direito e mais alguma coisa.

E “arrasou” com os cafés da manhã de hotéis americanos e europeus – hotéis não luxuosos oferecem apenas pão ou croissant, manteiga, talvez uma geléia, suco e café, leite ou chocolate. Poucas vezes oferecem café continental, que é um pouco mais “recheado”, e que não chega aos pés dos cafés da manhã dos hotéis do Nordeste, ou do café colonial do Sul, por exemplo.

E aí eu me vejo analisando a nossa famosa fartura. E fico imaginando quantas toneladas de restos de alimento são jogados fora todos os dias.

Sei que existem movimentos que recuperam aqueles alimentos mais feinhos, e que ainda estão em boa condição de consumo, que bom! Boa iniciativa.

Em contrapartida um dono de restaurante me confessou que toda e qualquer sobra vai ao lixo e que ele pessoalmente supervisiona isso. Por quê? Simplesmente porque já foi acionado por pessoas que levaram sobras e que alegaram ficar doentes por terem comido algo contaminado naquele restaurante que à época – por inocência ou bondade mesmo, entregava as sobras na própria embalagem usada para os clientes pagantes. Ou seja, a solução hoje é: jogar no lixo e deixar que a pessoa vá recolher no lixo. Detalhe: o local onde é depositado o lixo é cercado de câmeras por todo lado.

São os paradoxos da nossa cultura: o povo não percebe que aquela quantidade absurda no café da manhã, da qual não consegue comer nem a metade, é fator de aumento de custo nas diárias… A pessoa acaba pagando pelo que não consegue consumir.

Mas o “olho grande” faz a barriga cheia.